Review | On Your Tail

18 horas atrás • Nintendo Boy • Via CoelhoNews.com: Seu agregador de notícias Nintendo
Desenvolvedora: Memorable Games
Publicadora: The Powell Group
Gênero: Aventura de mistério, Life Sim
Data de lançamento: 13 de março de 2025
Preço: R$88.99
Formato: Digital

Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela The Powell Group.

Revisão: Manuela Feitosa

Aqueles que carregam consigo a alcunha de artista, escritor, ou produza qualquer tipo de conteúdo que requer um pouco de criatividade, já chegou a experienciar o tão temido bloqueio criativo. Isso se torna um grande problema, principalmente, para os que buscam fazer daquilo uma profissão, ou tem isso como objeto de estudo. É o caso de Diana, a protagonista de On Your Tail, jogo do estúdio italiano independente Memorable Games.

Diana, a escritora detetive

No meio de sua crise criativa, Diana, uma aspirante a escritora de mistério, se encontra desesperada após receber um feedback de seu professor dizendo que o seu trabalho era sem inspiração, comparando seu texto a algo gerado por inteligência artificial. No meio de sua crise, Diana acaba buscando inspiração nos relatos de viagens que sua avó fizera quando ainda era viva. Desta forma, Diana acaba descobrindo que de todas as suas aventuras, a que mais lhe inspirara foi uma para uma pequena cidade chamada Borgo Marina. Em um momento de desespero, Diana acaba praticamente fugindo de casa em sua Scooter, seguindo os passos de sua avó em busca da tão sonhada aventura.

Chegando em Borgo Marina, Diana acaba sofrendo um acidente ao desviar de uma figura misteriosa que apareceu de repente na frente de sua moto. Desta forma, Diana acaba acordando na mansão de Orlando De Montoni e Beatrice Pecorelli, e o casal relata um roubo que aconteceu na noite do seu acidente, cuja descrição da figura do ladrão bate com a silhueta misteriosa que fez com que Diana sofresse o acidente.

É então que Diana se põe na posição de investigar o roubo utilizando a sua bússola mágica — herança deixada pela sua vó. Essa bússola é capaz de identificar a posição anterior de determinados objetos, exemplo: Ao apontar a bússola para um móvel com uma gaveta aberta, a bússola mostra que a gaveta antes estava fechada. Desta forma, Diana consegue identificar quais objetos o ladrão mexeu e supor qual foi o caminho percorrido pelo mesmo.

A bússola funciona bem como um artifício de gameplay mas que narrativamente falando, dá brecha para muitos furos de lógica no jogo, do tipo: “por que ela só funciona com objetos específicos e não com todos?”, ou “parece estranho que ninguém além do ladrão tenha mexido nesses objetos”. É necessário um pouquinho de suspenção da descrença para encarar esse jogo, principalmente nas partes investigativas — apesar de que, supostamente, o jogador que vai atrás de um jogo de mistério envolvendo animais antropomórficos coloridos não vai ter problema com isso.

Após a descoberta das pistas iniciais, o jogador deve supor a ordem dos acontecimentos se baseando nas pistas descobertas durante a investigação. Esse sistema se apresenta no formato de cartas, cada uma simbolizando uma ação realizada pelo ladrão ou demais personagens presentes na cena. O jogo também apresenta de maneira gráfica uma representação do acontecimento, como se fosse uma espécie de jogo de tabuleiro onde cada personagem é representado por um peão, em que conforme as cartas vão sendo postas na mesa os personagens vão se movendo de acordo. Cabe ao jogador posicionar as cartas conforme todas as possíveis ações descobertas sejam executadas pelos peões.

A princípio, Diana não apresenta nenhuma prova concreta de fato dos mistérios, ela apenas supõe informações baseada na sua investigação para aí sim investigar ainda mais. Por conta disso, Diana em certos momentos deve partir pra lábia, confrontando os suspeitos e rebatendo suas respostas com o que descobriu.

Esse aspecto do jogo se dá da seguinte maneira: O jogo apresenta cartas com um pequeno texto representando cada um dos fatos descobertos durante a investigação; cada uma das cartas deve sobrepor a carta que faz sentido lógico à outra, como uma forma de representar o possível argumento que poderia ser utilizado contra aquela descoberta. Conforme as cartas vão sendo empilhadas, as mesmas vão desaparecendo e novas irão aparecendo, até chegar nas cartas finais que comprovarão a acusação. Tanto na investigação quanto nas acusações, o jogo pede um certo nível de interpretação do jogador e entendimento do que está acontecendo, cobrando atenção do jogador em cada momento da narrativa.

O pequeno mundo de Borgo Marina

Borgo Marina é um grande foco do jogo, praticamente sendo uma personagem como todas as outras. Borgo Marina é uma tradicional cidade interiorana da Itália (quem assistiu ao filme Luca da Pixar vai reconhecer semelhanças — visto que ambos tem o mesmo tipo de local como inspiração), e apesar de não ser uma cidade tecnicamente viva com NPCs em grande quantidade andando de lá pra cá, o jogo consegue contornar a limitação técnica utilizando outros artifícios para criar essa sensação de cidade viva.

Começando pelo fato de que trata-se de uma cidade interiorana, não muito populosa. Logo no primeiro contato de Diana com a cidade, já é estabelecido que praticamente todo mundo da cidade se conhece e tem um senso de comunidade muito forte. Todas as casas de On Your Tail são habitadas por algum NPC que em algum momento vai ter certa relevância na história, por menor que seja — no jogo, nenhuma estrutura parece que foi inserida ali como um “enfeite” para popular o cenário ou criar uma ilusão de grandeza, como ocorre na grande maioria dos jogos mundo aberto de alto orçamento.

O jogo também não oferece qualquer tipo de fast travel, o que torna a travessia de qualquer ponto A à ponto B um pesadelo para aqueles que tem um senso de direção horrível, como é o meu caso. No entanto, devido ao tamanho reduzido do mapa, cada rua, túnel, ladeira e etc. vão aos poucos se tornando familiares, como se fossem as ruas de um bairro familiar.

Borgo Marina é recheada de atividades pra fazer. Nesse aspecto o jogo mistura muito bem a questão da investigação e mistério com a parte mais social e life sim do jogo; em On Your Tail o jogador pode passar horas e horas engajando com bicos de meio período que vem junto com os mais diversos tipos de minigames, que em primeira instância são até divertidos — isso vindo de uma pessoa que tem certa aversão à minigames, especialmente se influenciam na progressão normal no jogo. Felizmente, esse não é bem o caso de On Your Tail, que prende muito pouco o jogador atrás de pequenas tarefas que dão pequenas recompensas.

E aqui vamos para a problemática grave do jogo, possivelmente exclusivo da versão de Nintendo Switch. O que acaba acontecendo em On Your Tail é que o jogo não parece ter sido muito bem otimizado, o console sofre para carregar as texturas a tempo, o que acaba fazendo com que o jogador esbarre constantemente em texturas carregando, ou até mesmo estruturas inteiras, como paredes, casas e árvores. Não é incomum passar por um local onde assets inteiros apareçam flutuando no meio do mapa porque a estrutura em baixo deles ainda não carregou e está completamente invisível — sem falar na quantidade de quadros por segundo que cai bastante nas áreas mais abertas.

O jogo também sofre muito com carregamentos. Durante a exploração, o jogo precisa pausar no meio para carregar a área seguinte, semelhante ao que acontecia nos GTA de PS2, quando o jogador ia para uma outra área do mapa. A transição para essas loadings também não é nem um pouco suave, ao ponto de que toda vez que eu ia para um ponto do mapa onde eu sabia que ia ter um loading, me dava uma pontinha de desespero achando que o jogo ia crashar. Na minha experiência, On Your Tail travou completamente e chegou até mesmo a fechar o jogo mais vezes do que fui capaz de contar — praticamente todas as vezes em que sentei para jogar, o jogo crashou pelo menos uma vez.

Uma tarde à beira mar

Uma característica bem corajosa de On Your Tail é o fato de que o jogo decidiu por deixar de fora alguns recursos que hoje em dia são praticamente obrigatórios em jogos que possuem exploração em mapas abertos. Isto é, o jogo não possui um minimapa ou uma bússola que direciona o jogador ao próximo objetivo. A ausência dessas ferramentas é como uma forma de dizer ao jogador que ele deve explorar a cidade e de fato conhecê-la, assim como conhecemos a nossa casa ou o bairro em que crescemos. O jogo tem esse clima aconchegante e cartunesco que é extremamente imersivo, e isso faz com que os problemas técnicos na versão de Nintendo Switch sejam uma perda muito grande para a experiência como um todo.

De qualquer forma, On Your Tail acerta bastante na sua direção de arte. O jogo apresenta retratos desenhados em uma estética de HQ que reagem de acordo com o diálogo do jogo; no que diz respeito ao design de personagens, não há o que reclamar, todos são lindos e o jogo parece se orgulhar bastante deles, considerando que um dos extras disponíveis são a aquisição de ilustrações e arte conceitual com uma moeda que o jogador recebe conforme vai jogando.

Apesar de possuir lindas ilustrações 2D, o jogo ainda peca um pouco na expressão dos personagens 3D. Com exceção da protagonista (em momentos específicos), todos os demais personagens tem a movimentação bem limitada, e isso considerando que NPCs que não são muito relevantes para a história sequer aparecem. Nada disso chega a atrapalhar ou ser um problema grande de fato, principalmente se levarmos em conta o escopo do projeto.

O doloroso custo da criatividade

On Your Tail é uma ode ao valor da experiência empírica e a importância de vivências reais para o processo criativo, que ao mesmo tempo é um coming of age nostálgico sobre aquela viagem de férias que por algum motivo foi especial, sobre como algumas experiências só acontecem uma vez na vida e sobre como certas memórias serão para sempre apenas memórias. Acompanhar a jornada de Diana é satisfatório, e acredito que todos podem aprender uma coisa ou outra com esse jogo; no entanto, recomendar On Your Tail para jogadores de Nintendo Switch é algo complicado de se fazer, considerando a péssima qualidade da versão do jogo no portátil da Big N.

Pros:

  • O jogo acerta na atmosfera pacata de cidade do interior;
  • Puzzles divertidos e satisfatórios;
  • Muitas opções de atividades;
  • Premissa interessante com temas bem executados.

Contras:

  • Requer um pouco de suspensão da descrença no começo;
  • Performance horrível;
  • Crashs frequentes.

Nota

7

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